Hipnodontia, o que é?

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Ao iniciar este capítulo, gostaríamos de deixar claro que não existe hipnose odontológica, hipnose médica ou hipnose psicológica. A hipnose é única, existe sim, uma diversidade muito grande de técnicas, mas qualquer delas poderá ser empregada na prática odontológica, sendo que a escolha da técnica a ser usada dependerá basicamente da preferência do hipnotizador e principalmente, daquela que adapte-se melhor ao paciente em questão, dependendo isto do rapport, previamente efetuado.     No consultório odontológico o que normalmente difere dos consultórios médicos e psicológicos é a presença da auxiliar, pois no momento da indução, normalmente, ela não estará na sala onde se efetua a indução, porém no decorrer do tratamento odontológico, ocorrendo necessidade da presença da mesma na sala clínica, onde o paciente já estaria em transe, mesmo que este seja profundo, ele deve ser avisado que a auxiliar virá para prestar ajuda, pois a percepção da presença de outra pessoa poderá provocar quebra de rapport dificultando o transe em curso e os futuros. 

  Outra coisa que deve ficar claro é que o emprego da hipnose em Odontologia não é privilégio do cirurgião-dentista, embora seja o mais recomendável pelas sutilezas necessárias durante a execução do tratamento, porém poderemos ter um médico ou psicólogo efetuando o processo hipnótico enquanto o cirurgião-dentista trabalha. É claro que este profissional deveria ter um contato prévio com o cirurgião-dentista para que ocorra uma perfeita e favorável interação entre ambos o que facilitará e muito o desenrolar do processo hipnótico. E dependendo a que se propõe o tratamento odontológico o paciente poderá ser preparado no próprio consultório médico ou psicológico dando-se ao mesmo um determinado signo-sinal que será utilizado pelo cirurgião-dentista antes e/ou durante seu tratamento. 

  A hipnose quando aplicada na Odontologia é comumente chamada de HIPNODONTIA, termo criado por Burgem em 1928, que embora seja errado, pois não se hipnotiza o dente, ele permanece sendo usado por questões históricas. 

  A hipnose é uma poderosíssima arma na Odontologia não apenas para pacientes com história de receios, medos ou fobias, mas também para qualquer paciente que a aceite como coadjuvante de seu tratamento, e no decorrer deste capítulo iremos detalhar o uso da hipnose nas diversas situações e especialidades odontológicas. 

 O relato histórico mais antigo da hipnose em Odontologia é de 1836, quando J. V. Oudet fez o que seria a primeira extração dentária sob hipnose e sem anestesia. Desta época aos dias atuais houve grande avanço em termos de técnicas e possibilidades da utilização da hipnose em Odontologia e a questão da hipnoanestesia voltará a ser vista com detalhes mais a frente. 

   Durante o processo hipnótico em Odontologia deveremos estar atentos para alguns fenômenos expontâneos que ocorrem e que tem um interesse mais específicos para nossa área, como por exemplo: a) modificação do fluxo salivar; b) queda da temperatura corporal (durante a hipnose em geral ocorre uma diminuição da temperatura corporal por volta de 1,5 a 2 graus centígrados, por isso deveremos estar vigilantes para a necessidade de controlarmos ou normalizarmos a temperatura do paciente, desligando o ar condicionado, oferecendo-lhe algo para se agasalhar ou dissociando-o de maneira que se sinta em um local de temperatura mais agradável como por exemplo uma praia, um campo ensolarado ou outra situação que tenha ficado definida no Rapport); c) extremo relaxamento muscular dificultando a catalepsia bucal, etc. 

    Uma coisa interessante que se observa em pacientes fóbicos específicos aos tratamentos odontológicos, é que após algumas sessões de tratamento sob hipnose eles já começam a aceitar o tratamento muitas vezes inclusive sem o uso da hipnose, pois aprendem um novo padrão de respostas aos estímulos do tratamento odontológico.  

    Os pacientes que irão fazer tratamento odontológico sob hipnose diferem-se  dependendo da sua indicação, pois àquele que chega ao consultório tendo sido indicado para ter um tratamento especificamente sob hipnose, já chega com um índice altíssimo de aceitação ao tratamento e ao profissional, rapport indireto, facilitando assim o aprimoramento do rapport que é de fundamental importância. enquanto os que chegam para tratar de maneira tradicional e que durante o tratamento, por algum motivo percebe-se a necessidade do uso da hipnose o bom resultado vai depender  muito da abordagem para conseguirmos a aceitação de maneira tranqüila ao uso da hipnose, e novamente o rapport é de fundamental importância para podermos saber que tipo de crenças os mesmos têm em relação à hipnose e determinarmos assim o tipo de abordagem. E podemos em determinados casos nos depararmos com uma questão ética, seria válido o uso da hipnose sem que o paciente saiba exatamente o que está acontecendo, mesmo sendo para seu próprio benefício, pois iria facilitar sobremaneira seu tratamento? isto é, usando técnicas indiretas ou oferecendo a hipnose como um tipo de relaxamento. A questão fica no ar e que cada um aja de acordo com sua própria consciência ou por outra, de acordo com cada caso. 


 As principais vantagens no uso da hipnose em Odontologia são:

1 - Anestesia localizada e seu desaparecimento logo após o tratamento, não tendo o paciente que permanecer com os incômodos por ela provocado. No caso do uso da anestesia química, a quantidade desta será tão diminuída que os incômodos pós anestesia serão também mínimos.

2 - controle salivar (sialostasia) e controle de sangramento (hemostasia)

3 - analgesia pós-operatória,

4 - recuperação pós-operatória extremamente facilitada e rápida,

5 - eliminação e/ou não produção de cansaço ao paciente,

6 - redução das tensões do cirurgião-dentista.


 
   As indicações da hipnose em Odontologia são em suma:

1 - Condicionamentos:

   1.1 - aceitação ao tratamento odontológico,

   1.2 - adaptação à próteses,

     1.3 - adaptação à aparelhos ortodônticos,


   1.4 - facilitar o ensino de hábitos higiênicos,

   1.5 - facilitar a eliminação de hábito viciosos.

2 - Remoção de fobias.

3 - Relaxamento geral.

4 - Relaxamento específico:


   4.1 - da língua,

   4.2 - da musculatura envolvida para:

          4.2.1 - tratamento de trismo,

          4.2.2 - tratamento de luxação das articulações têmporo-mandibulares,

          4.2.3 - obtenção de relações maxilo-mandibulares,

          4.2.4 - manutenção da abertura bucal sem cansaço.

5 - Catalepsia mandibular.

6 - Surdez.

7 - Analgesia.

8 - Anestesia:


    8.1 - superficial,

    8.2 - profunda.

9 - Sialostasia.

10 - Hemostasia.

11 - Eliminação de reflexos para:


     11.1 - obtenção de radiografias intra-orais,

     11.2 - moldagens,

     11.3 - casos de sensibilidade lingual,

     11.4 - excesso de ânsia de vômito.

12 - Pré e pós-operatório.

13 - Sugestões pós-hipnóticas como:


      13.1 - distorção do tempo,

      13.2 - representação gustativa,

      13.3 - amnésia,

      13.4 - prolongamento da anestesia,

      13.5 - analgesia.